O
Patinho Feio – Uma análise Junguiana
Ivna
Ariane Santos Vieira
Os contos não são para serem entendidos, mas para serem
sentidos, lidos com os olhos do coração e da alma. (Corumba & Ramalho, 2008,
p. 15)
INTRODUÇÃO
“Era uma vez”... Todo mundo, com certeza, ao ouvir
esse pequeno trecho já imagina que o que está por vir é o clima mágico de uma
narrativa, uma história, um conto de fadas.
O fato
dos contos começarem com o “Era uma Vez” mostra que o tempo e o lugar nos
contos são sempre evidentes. “O ‘Era uma vez’ ou algo semelhante, significa
fora de tempo e de espaço – a ‘terra de ninguém’ do inconsciente coletivo”.
(Franz, 2012, p.48).
A
leitura de um conto de fadas nos remete a um clima de fantasia, onde tudo é
possível. Não importa onde estejamos, a voz da contadora de histórias nos
transporta para um tempo e espaço mágicos.
Marie Louise Von
Franz (2012) chama a atenção para o fato de que sempre aparece algum problema
no início da história do conto, obviamente, porque se assim não fosse, não
haveria história. A partir daí, então, define-se o problema, o enigma, e
procura-se entender sua natureza.
A decifração do
enigma presente nos contos é o que a Psicologia Analítica chama de realização
do Self. É um “tesouro” que precisa ser conquistado. A conclusão desta jornada em
busca do tesouro é o processo de Individuação.
A busca deste tesouro acontece desde os primórdios da
sociedade. Franz (2012) afirma que há muito tempo o ser humano busca esse sentido
para sua existência e uma prova real desta busca são os diversos contos que
sobrevivem até hoje. Tão antigos como a
própria humanidade, os contos de fadas acompanham a evolução do homem, e por
serem considerados uma expressão artística coletiva, nos ensinam, intuitivamente,
muito sobre o comportamento deste ser humano.
Para Corumba e
Ramalho (2008) os contos de fadas, tal como os sonhos, nos falam de tudo que
vivenciamos, respondem nossas questões sobre a vida, narram o que fazemos e
como fazemos. São cheios de imagens que, decifradas, abrem caminho, senão para
o autoconhecimento e a compreensão de questões universais, pelo menos servem
para nos despertar questionamentos nestas direções.
Esse é,
segundo as autoras, o nosso maior interesse pela leitura dos contos de fadas, ir
em busca da descoberta de seus significados e a decifração do enigma de seus
heróis. Como todos nós somos heróis do cotidiano, temos por tarefa primordial
decifrar nossos enigmas pessoais e os contos podem nos auxiliar de modo
singular nesta tarefa.
Na decifração
dos enigmas pessoais, os heróis e vilões dos contos são nossos heróis e vilões
interiores, nossas fadas e bruxas que, muitas vezes, nos tornam vulneráveis. O
herói funciona como um exemplo de coragem e esperança durante a etapa do
enfrentamento de uma dada situação ou etapa da vida. Por meio dos contos, o homem quase sempre é levado a
trilhar por caminhos íngremes da imaginação, culminando num final feliz, o que
faz transpor para a realidade a possibilidade de também vencer desafios.
O ser que representa o herói se mostra dotado de audácia e
coragem extraordinária e, mesmo depois de sua suposta destruição, ele retorna
ao mundo com muito mais forças para enfrentar as dificuldades. Este regresso
geralmente é muito doloroso para se enfrentar sozinho, razão pela qual os
heróis dos contos recebem, na maioria dos casos, o auxílio de um sábio, de uma
fada, de um mágico, entre outros. O regresso do herói é sempre um triunfo,
caracterizando-se no conto como “um novo dia”, o “nascer o sol”, o “nascer de
novo”.
Marie Louise (2012) diz que “o herói é uma figura arquetípica que
representa um modelo de ego funcionando de acordo com o SELF” (p. 73). Sendo um
produto da psique inconsciente, ele é um modelo que deve ser observado, pois
demonstra o ego funcionando corretamente, ou seja, um ego funcionando de acordo
com as solicitações do SELF.
Corumba
(2008) destaca que segundo Jung,
os contos de fadas constituem a manifestação mais pura e mais simples dos processos psíquicos do inconsciente coletivo. Eles são a expressão dos arquétipos na sua forma mais clara, o que permite uma abordagem científica das estruturas organizadoras da psique humana. Os contos revelam expressões de um fenômeno psíquico desconhecido, o qual Jung chama de Self, que é ao mesmo tempo, a totalidade psíquica do individuo e o centro regulador da psique. (...). O conto de fadas é a melhor expressão dos arquétipos e seu sentido esta no conjunto de temas que desencadeia a história. (p.23).
Marie Louise (2012) cita Jung, quando diz que “são nos contos de fadas onde melhor se pode estudar a anatomia comparada da psique” (p.25). Vimos na mitologia greco-romano, que as lendas e os mitos revelam as estruturas básicas da psique humana por meio de grande quantidade de material cultural ali existente. Entretanto, nos contos de fadas, existe um material cultural consciente culturalmente muito menos específico e, consequentemente, oferecendo uma imagem mais nítida das estruturas da psique.
Ainda
para a autora acima citada, os contos de fadas estão:
“além
das diferenças culturais e raciais, podendo assim migrar facilmente de um país
para outro. A linguagem dos contos de fada parece ser a linguagem internacional
de toda espécie humana – de idades, raças e culturas.” (2012, p.35).
Carlos
São Paulo (apud Corumba e Ramalho, 2008) destaca a importância de nos
familiarizarmos com essas realidades da vida quando criança. Caso isso não
aconteça, teremos dificuldades e seremos forçados a fazê-lo quando adultos;
caso contrário, correremos o risco, provavelmente, de desperdiçarmos a
oportunidade de nos desenvolvermos plenamente como seres humanos. Isto porque
os contos de fadas são capazes de nos levar a entender padrões que coordenam
nosso comportamento, nos permitindo ampliar a margem da consciência e, assim,
influir de forma leve e prazerosa em decisões importantes que o destino
apresenta.
A
escolha do conto a ser analisado neste texto foi extremamente simples, já que a
autora possuía um encanto especial por um conto, possivelmente por
identificação com a história do mesmo. Sendo assim, o
propósito deste trabalho é apresentar a análise do conto “O Patinho Feio”, de
Hans Christian Andersen, estabelecendo-se uma ponte entre alguns conceitos da
Psicologia Analítica Junguiana.
A história de Hans Christian Andersen “O Patinho
Feio”, publicada pela primeira vez em 1845, é um retrato autobiográfico do
autor. Trata do arquétipo do ser incomum e desvalido. De acordo com Estés (1999) o autor escreveu
dezenas de histórias sobre o arquétipo do órfão. Ele foi um importante defensor
da criança perdida e negligenciada, e dava imenso apoio à ideia da procura e
descoberta do nosso próprio grupo.
ANÁLISE
DO CONTO “O PATINHO FEIO”
Resumidamente, o conto trata da história
de um filhote de cisne que foi chocado por uma pata. Sem saber de sua
verdadeira identidade, ele passa a ser hostilizado pela família e por outras
aves. Após muita humilhação decide ir embora e, durante essa jornada rumo à
descoberta de sua identidade, é também humilhado e mal recebido. Após o inverno
ele vai nadar no lago quando se reúne com um bando de cisnes e é reconhecido “o
mais belo”.
“O Patinho Feio” tem muitas versões,
todas contendo os mesmos núcleos de significados. De acordo com Clarissa
Pinkola (1999) os significados básicos que nos chamam a atenção e interessam
são:
O patinho da história representa a natureza
selvagem, que, quando forçada a enfrentar circunstâncias pouco propícias, luta
instintivamente para continuar viva apesar de tudo (resiliência do Patinho, ou
seja, sua enorme capacidade de se recuperar após acontecimentos traumáticos). A
natureza selvagem sabe instintivamente aguentar e resistir, às vezes com
elegância, às vezes sem muito estilo, mas resistindo assim mesmo.
Quando a vibração específica da alma de
um indivíduo que tem tanto uma identidade instintiva quanto uma espiritual, é
cercada de aceitação e reconhecimento psíquico, a pessoa sente a vida e a força
como nunca sentiu antes. Descobrir com certeza qual é a sua verdadeira família
psíquica proporciona ao indivíduo a vitalidade e a sensação de pertencer a um
todo.
Tentarei, a título de facilitar e
sistematizar a análise do conto, ir trazendo gradativamente passagens da obra e,
logo em seguida, fazer a ponte com a teoria Junguiana.
A primeira etapa do conto traz, como ideia geral, a temática
da revolta. A narrativa inicia-se com o trecho: Quando o sol brilhou sobre o
lago, a mamãe Pata orgulhosamente fez quá-quá. Ela estava muito feliz por causa
de seus seis ovos que tinha chocado, e agora estava rodeada por seis patinhos
lindos e fofinhos. (Inside, 2006, p. 4)
Pode-se partir do pressuposto de que o sol é a indicação do
nascimento do Patinho. De acordo com Alt (2000), o sol e os seus raios estão
relacionados à purificação, à iluminação e à fecundidade, ou seja, à origem da
vida. Na teoria Junguiana, são encontrados diversos simbolismos atribuídos ao
sol. Tanto na mitologia quanto na religião e na alquimia, o sol representa
Deus, o “Grande Pai” de todas as criaturas do Universo.
Somente o ovo maior continuava inteiro no ninho. A mamãe Pata
esperou bastante, e de repente, CRAC, o ovo se abriu e dentro dele saiu um patinho
cinza. (Inside, 2006, p.4). Neste trecho do conto observa-se o início da
angústia do personagem ao sair de um ambiente que lhe oferece conforto e
proteção, como o ovo, para um ambiente possivelmente estranho e ameaçador. Esse
sair do ovo pode representar também o mostrar-se ao mundo com suas
singularidades.
Conforme Alt (2000), o ovo representa a auto geração, é
através da percepção do ovo que o personagem se transforma em arquiteto de seu
próprio mundo, é como se fosse Deus, criador de um mundo originado dele mesmo.
A cor cinza também pode simbolizar a doença, o ser diferente dos outros, o ser discriminado.
A cor cinza também pode simbolizar a doença, o ser diferente dos outros, o ser discriminado.
Seus irmãos e irmãs estavam felizes na fazenda, mas o Patinho Feio não.
(Inside, 2006, p.5). O personagem do conto não conseguia se adaptar ao
ambiente. Para Von Franz (2012) tudo que é novo acarreta medo, desconfiança,
terror e consequentemente a impossibilidade de renovação. Não havendo a flexibilidade
para mudanças, o ego endurece, propiciando a resistência.
Logo no início da história fica evidente que o Patinho Feio
sente-se muito discriminado e rejeitado por todos. Até mesmo o seu núcleo
familiar não aceita a condição de ele ser diferente dos outros.
Essa situação é terrível porque o Patinho na realidade não
fez nada que justificasse esse comportamento, a não ser ter a aparência
diferente e agir um pouco diferente dos outros. Na verdade temos, nesse caso, um
Patinho com um enorme complexo psicológico.
Neste aspecto, fica evidente que, de acordo com Clarissa
Pinkola Estés (1999) o Self básico da psique foi ferido desde cedo e, assim, o
indivíduo acredita que as imagens negativas dele mesmo, refletidas pela família
e pela cultura, são não só totalmente verdadeiras, mas também totalmente
isentas de preconceito, de influencia da opinião e de preferências pessoais. O
indivíduo começa a acreditar que ele é fraco, feio e inaceitável, e que isso
continuará a ser verdade, não importa o esforço que ele faça para reverter a
situação.
De acordo com a autora, nem a alma, nem a psique do indivíduo,
podem aceitar essa situação. A pressão no sentido de se “adequar” pode
perseguir o indivíduo até que ela fuja para longe, para um mundo oculto ou para
vaguear muito tempo à procura de um lugar para se abrigar e viver em paz.
As questões do indivíduo rejeitado geralmente são duplas: a
íntima e pessoal, e a externa e cultural.
Quando a cultura define detalhadamente
no que consiste o sucesso ou a perfeição desejável sob qualquer aspecto, na
aparência, na altura, na força, na forma física, no poder aquisitivo, na
economia, na masculinidade, na feminilidade, na atitude de bom filho, no bom
comportamento, na crença religiosa, existem ditames correspondentes e tendência
à avaliação na Psique de todos os seus membros. (Estés, 1999, p.130).
A rejeição materna ao Patinho, tão evidente nesta primeira
etapa, é um fenômeno chamado pela Psicologia Junguiana de complexo materno. Jung
explica que um complexo é uma reunião de imagens e ideias, conglomeradas em
torno de um núcleo derivado de um ou mais arquétipos, e caracterizadas por uma
tonalidade emocional comum. Quando entram em ação, os complexos contribuem para
o comportamento e são marcados pelo afeto, quer uma pessoa esteja ou não
consciente deles.
A mãe pata do conto tem alguns atributos que geram um
complexo materno no Patinho. Para facilitar a compreensão, analisarei, individualmente,
cada atributo com o auxílio do capítulo 6 do livro de Clarissa Pinkola Estés “Mulheres
que correm com os lobos” (1999).
De acordo com a autora, esses atributos da mãe Pata perpassam
pelo fato dela ser ao mesmo tempo uma mãe ambivalente, uma mãe prostrada e uma mãe-criança
ou mãe sem mãe. Com o exame dessas estruturas maternas, podemos começar a
avaliar se o complexo materno interior sustenta com firmeza nossas qualidades
exclusivas, ou se ele está precisando de um ajuste já há muito atrasado. Vamos
ver, a seguir, o significado desses termos.
Uma mãe ambivalente é uma mãe dividida em termos psíquicos, o
que faz com que ela seja puxada em várias direções diferentes, o que é a
própria definição de ambivalência. A mãe pata quer cuidar do filho, mas isso
começa a prejudicar sua segurança na própria comunidade. “A princípio sua mãe o
defendia, mas com o tempo até ela se cansou daquilo tudo”. (Estés, 1999, p.
126).
Observa-se que quando o indivíduo tem essa imagem de mãe
ambivalente na sua própria Psique, ele pode se descobrir cedendo com muita
facilidade, com medo de firmar uma posição, de exigir respeito, de afirmar seu
direito a fazê-lo, de aprender, de viver de seu próprio modo.
No caso especifico da mulher, quer essas questões tenham
origem numa imagem interna ou na cultura externa, para que ela exerça a função
da maternidade superando as restrições desse tipo de mãe internalizada,
precisaria adquirir algumas qualidades ditas heroicas, abrigá-las, liberá-las na
hora certa e defender a si mesma e àquilo no que acredita. A autora afirma que
não há um jeito de preparar a pessoa para isso, a não ser inspirar
profundamente para ganhar coragem e agir. Desde tempos imemoriais, o que foi
considerado um ato de heroísmo foi a cura para uma atitude ambivalente
paralisante.
Passando para o atributo da mãe prostrada, esta mãe
caracteriza-se pela desistência em cuidar do seu filho diferente. No conto, é
quando a mãe pata exclama para o patinho que preferia que ele desaparecesse. “Como
eu queria que você fosse embora – exclamou exasperada” (Estés, 1999, p. 126).
De acordo com a autora, quando uma mãe desiste de cuidar de
seu filho, isso significa que ela perdeu o sentido de si mesma. Ela pode ser
uma mãe perversamente narcisista que se sente no direito de ser criança também.
É provável que ela tenha sido isolada do seu Self selvagem e que tenha entrado
em prostração, forçada por alguma ameaça real, de ordem psíquica ou física.
Assim, quando o indivíduo tem um constructo de mãe prostrada
dentro de sua Psique e/ou da sua cultura, ele é indeciso quanto ao seu valor.
Ele pode considerar que as escolhas entre cumprir exigências exteriores e as
exigências da alma são questões de vida ou morte, o que é uma sensação
relativamente normal para a pessoa “diferente”, mas o que não é normal é ficar
sentado chorando, sem fazer nada.
No caso do indivíduo com o constructo de uma mãe criança ou
de mãe sem mãe na sua Psique, sofre de pressentimentos ingênuos, de uma falta
de experiência e, em especial, de uma redução da sua capacidade instintiva para
imaginar o que irá acontecer.
Uma mulher com uma mãe criança interna assume a aura de uma
criança que finge ser mãe. Ela não é
capaz de orientar e apoiar seu filho, mas como as crianças da fazenda na história
do Patinho Feio, que sentem uma alegria intensa por ter um animalzinho em casa,
mas não sabem cuidar direito dele, a mãe-criança tortura seu filho com diversas
formas de atenção destrutiva e, em alguns casos, falta de atenção.
Como explica Clarissa (1999), às vezes a mãe frágil é ela
mesma, um cisne criado no meio dos patos. Ela não conseguiu descobrir sua
identidade verdadeira cedo o suficiente para ajudar sua prole.
Embora possamos interpretar a mãe na história como um símbolo
da nossa própria mãe exterior, a maioria dos adultos tem agora uma mãe
interior, como sua mãe verdadeira. Trata-se de um aspecto da Psique que atua e
reage de um modo idêntico ao da experiência da infância de um indivíduo com sua
própria mãe. Além do mais, essa mãe interior compõe-se não só da experiência da
mãe pessoal, mas também de outras figuras maternas de nossas vidas, bem como as
imagens da “mãe boa” e da “mãe perversa” exibidas pela nossa cultura, na época
da nossa infância.
Para a maioria dos adultos, se houve algum problema com a mãe
concreta no passado, e elas não existem mais, ainda há uma copia da mãe na Psique,
que age, reage e fala igual à tenra infância. Muito embora a cultura do indivíduo
possa ter desenvolvido um raciocínio consciente do papel das mães, a mãe
interior terá os mesmos valores e ideias a respeito de como uma mãe deve ser e
agir que vigoravam na cultura na nossa infância.
Seguindo a história, chegamos a uma segunda etapa do conto: diante
de tanta rejeição, um dia, o patinho feio decidiu ir embora. Passou pela
porteira da fazenda, seguiu pelo caminho o mais rápido que suas patas
desajustadas conseguiam. (Inside, 2006, p.5).
Para Corso & Corso (2006) “boa parte das histórias
infantis acontecem na floresta ou inclui a tarefa de atravessá-la” (p.37). Essa
situação comum nos contos é caracterizada quando o personagem foge de casa para
um lugar bem longe: a floresta, por exemplo, onde toda a aventura acontecerá.
Para Von Franz (2012) a fuga para lugares distantes significa
a busca de aproximação do inconsciente, sendo a solidão o caminho para esse
encontro. Algo que centralizava os interesses externos passa a centralizar os
interesses internos, indicando ao indivíduo o caminho da transformação e da
oportunidade de encontro com o verdadeiro Self.
Uma floresta é uma região onde a
visibilidade é limitada, onde as pessoas se perdem, onde animais selvagens e
perigos inesperados podem aparecer; como o mar, a floresta é um símbolo do
inconsciente. (...) Além disso, a floresta, o mundo vegetal, é uma forma
orgânica que extrai a vida diretamente da terra e transforma o solo (“...);
pode-se traçar um paralelo em relação à vida do corpo e sua íntima conexão com
o inconsciente.” (Franz, 2012, p. 148).
No mundo interior do Patinho, a fuga de casa representava um
futuro melhor.
O Patinho Feio correu muito, até encontrar um grande pântano. Estava com frio e com medo, mas logo encontrou um lugar carregado com nuvens pesadas, por causa do outono. O Patinho Feio estava muito triste e se sentia só, pois não tinha amigos. Sempre que encontrava outras aves e animais, todos riam dele e o mandavam embora, por ele ser tão grande e feio. (Inside, 2006, p. 6)
O Patinho Feio correu muito, até encontrar um grande pântano. Estava com frio e com medo, mas logo encontrou um lugar carregado com nuvens pesadas, por causa do outono. O Patinho Feio estava muito triste e se sentia só, pois não tinha amigos. Sempre que encontrava outras aves e animais, todos riam dele e o mandavam embora, por ele ser tão grande e feio. (Inside, 2006, p. 6)
A fuga de casa e a tentativa de se encaixar num grupo podem
representar a busca do processo de adaptação do Patinho. Esta etapa da história
mobiliza possíveis sentimentos de abandono e solidão.
O inverno chegou e, uma noite, o vento do norte soprou tão
frio que o lago congelou. “Um dia de manhã, o patinho se descobriu preso no
gelo e foi aí que ele sentiu que ia morrer (...). Felizmente, um lavrador
passou por ali e libertou o Patinho, quebrando o gelo com seu cajado”. (Estés,
1999, p. 127).
Nesta passagem, a representação simbólica está relacionada
com a sensação angustiante de aprisionamento. Na história, o fazendeiro se fez
passar por um suposto salvador, mas logo em seguida deu o Patinho para seus
netos, que riam dele e o maltratavam, acentuando ainda mais seu sentimento de
raiva e rejeição e fazendo com que fugisse novamente.
A ideia do congelamento nos remete a ideia de isolamento. Da
mesma forma como o Patinho que fica preso no gelo do lago, o indivíduo pode se
isolar e congelar. Nesta frieza o indivíduo perde sua criatividade, para os
relacionamentos, para a própria vida.
Na psicologia Junguiana um ser humano congelado
significa que ele está sem sentimentos, em especial para consigo mesmo, mas
também para com os outros. Embora esse seja um mecanismo de autoproteção, ele
prejudica a psique-alma, porque a alma não reage ao gelo, mas ao calor.
Uma atitude gélida apagará o fogo criativo. Esse é um
problema grave, mas a história do conto nos dá uma idéia. O gelo precisa ser
quebrado, e a alma, retirada do congelamento. Portanto, a solução é agir. Temos
a mensagem implícita: Aja como o Patinho. Siga em frente, supere tudo. Exerça
sua arte. Sabe-se que o que está em movimento não se congela. Por isso,
mexa-se. Vá em frente. Isso mostra o grande poder de resiliência do Patinho.
Na parte da história em que o lavrador leva o pato
para casa, existe uma valiosa reflexão. A pessoa que talvez possa nos tirar do
gelo, que talvez até mesmo nos liberte em termos psíquicos da nossa insensibilidade,
não vai, necessariamente, ser aquela a cujo grupo pertencemos.
Quem quer que seja essa pessoa que nos tira do
gelo, é ela quem nos sustenta, nos puxa do fundo, nos mostra a passagem
secreta, o esconderijo, o meio de escapar. E essa chegada, quando estamos por
baixo e nos sentimos numa tempestade sombria ou numa calmaria sinistra, é o que
nos empurra pelo canal que leva ao próximo passo, à próxima fase do aprendizado
de ganhar força no isolamento. Embora essa situação não seja algo que se deseje
a ninguém por nenhum motivo, seu efeito acaba levando a uma profunda amplidão e
clareza na psique.
Observe que o Patinho vai de um lugar a outro buscando um lugar onde
pousar, repousar e ser aceito. Apesar de não estar plenamente desenvolvido seu
instinto para detectar exatamente aonde ir, o instinto de vaguear até encontrar
o que ele precisa, está em perfeito funcionamento. No entanto, Clarissa (1999)
explica que, às vezes ocorre uma espécie de patologia na síndrome do Patinho Feio.
Continuamos batendo nas portas erradas, mesmo depois de más experiências.
É difícil imaginar como se poderia esperar que uma pessoa soubesse quais portas são as certas se ela, para começar, nunca chegou, a saber, o que é uma porta certa. No entanto, as portas erradas são aquelas que fazem com que voltemos a nos sentir proscritos. (Estés, 1999, p.137)
Sendo assim, quando o indivíduo, com o objetivo de abrandar seu isolamento, procura amor nos lugares errados, reencenando um comportamento frustrante, está na realidade causando mal ainda maior, porque a ferida original não está sendo tratada e a cada incursão ela ganha novas feridas.
Para Estés (1999) existem diversas soluções para essas más
escolhas. O indivíduo precisa conseguir parar e examinar seu próprio coração,
para ver nele uma necessidade de que suas habilidades, seus dons e suas
limitações fossem respeitosamente reconhecidos e aceitos. É preciso que o
indivíduo seja franco diante de suas feridas, e assim consiga reconhecer o
remédio adequado, fortalecendo sua vida, em vez de enfraquecê-la.
Como o Patinho Feio, o indivíduo precisa aprender a evitar
situações em que possa agir certo, mas mesmo assim dar a impressão errada. O
patinho, por exemplo, sabe nadar bem, mas não tem a aparência devida. Por outro
lado, o indivíduo pode ter a aparência perfeita e não conseguir agir
corretamente.
Isso fica explícito no conto, no momento que o
patinho começa agir como um pateta, aquele que não consegue fazer nada certo.
“Ele voou até os caibros do telhado, fazendo com que toda poeira caísse na
manteiga e, quando ia saindo todo molhado e grudento, caiu no barril de farinha
de trigo” (Estés, 1999, p.128)
Obviamente
muitas pessoas já passaram por isso. Por mais que o indivíduo tente, não
consegue fazer nada certo. Tenta melhorar, em vez disso, piora. Observe que, na
verdade, não era para o Patinho ter entrado naquela casa. Mas esse tipo de
situação acontece quando se está desesperado. Vai-se ao lugar errado em busca
da coisa errada.
Clarissa Pinkola nos alerta que embora seja útil
abrir canais até mesmo para aqueles grupos aos quais não pertencemos e seja
importante tentar ser gentil, é também imperioso não nos esforçarmos demais,
não acreditar demais que se agirmos corretamente, se conseguirmos conter todos
os impulsos e contrações da criatura selvagem, poderemos realmente passar por
indivíduos educados, recatados, contidos e reprimidos.
Para Jung, cada um destes papéis que precisamos encenar para
nos adequar é uma persona, uma máscara para o nosso Eu. Jung usou este termo
para mostrar a maneira como uma pessoa adapta-se ao mundo; é sua máscara, sua
maneira de ser socialmente. Essa máscara é necessária para nos adaptarmos à
vida e sobrevivermos em sociedade.
Pode ocorrer de o indivíduo utilizar a persona de tal maneira
que ele vive como gostaria de ser, e não o que realmente é. Com essa atitude podemos
esquecer de nosso “ego”, nosso verdadeiro Eu. Quando alguém se identifica
somente com a persona e esquece-se do ego, tende a ficar frio e vazio.
No caso da figura feminina podemos observar que:
É esse tipo de atitude, aquele tipo de desejo do
ego de integrar-se a todo custo, que destrói o vínculo com a Mulher Selvagem na
psique. E então, em vez de uma mulher vital, temos uma mulher simpática, a quem
foram arrancadas as garras. Temos, então, uma mulher bem comportada, com boas
intenções, nervosa, ofegante no anseio de ser boa. Não, é melhor, mais elegante
e muito mais profundo ser o que somos e como somos, deixando que os outros
também o sejam (Estés, 1999, p.138).
A Anima é formada no âmbito do mundo interno, ela guia a
atitude interna, no mundo inconsciente, e por isso é formada diante da
estrutura coletiva do inconsciente do indivíduo, aquela formada pelas
categorias e possibilidades herdadas durante a evolução psíquica da história da
humanidade. É nesta realidade que se encontra a característica arquetípica da Anima,
por meio da qual preenchemos com nossas experiências individuais as
possibilidades femininas herdadas de nossos ancestrais.
Na vida do homem, a primeira pessoa com quem experimenta a
imagem de Anima é a mãe, sendo que para a mulher, o Animus é vivenciado por
meio dos modelos masculinos do inconsciente da mãe, e depois do pai, a partir
de dois anos. Não por acaso, os preconceitos e expectativas do homem com
relação à mulher e da mulher com relação aos modelos masculinos estão
diretamente relacionados com suas experiências com os pais.
Para entender melhor estes conceitos, Jung (2008) no livro “Tipos
Psicológicos”, conceituou em oposição à imagem interna (Anima e Animus), uma
imagem perante o mundo externo, chamada de Persona. Esta seria nossa postura
perante a sociedade em geral, seja no trabalho, na faculdade ou em outros
grupos sociais. Quanto mais dissociada de nosso eu interior, mais será utilizada
como uma máscara, por meio da qual vestiremos qualidades que na realidade não
possuímos, mas que não obstante atribuímos à nossa personalidade social. Sobre
a Persona e a Anima, Jung diz que:
assim como a experiência diária nos autoriza a falar de uma personalidade externa, também nos autoriza a aceitar a existência de uma personalidade interna. Este é o modo como alguém comporta em relação aos processos psíquicos internos, é atitude interna, o caráter que apresenta ao inconsciente. Denomino persona a atitude externa, o caráter externo; e a atitude interna denomino anima, alma. (2008, p.391)
Por este motivo, Jung, em tipos psicológicos, fala da complementaridade da anima com relação à persona,
o
tirano, atormentado por maus sonhos, pressentimentos sombrios e receios
interiores, é figura típica. Externamente cruel, duro e inacessível, é
internamente vulnerável a qualquer sombra, sujeito a qualquer humor, como se
fosse o ser menos autônomo e mais maleável. (2008, p. 392).
Tentei trazer esse breve resumo destes conceitos de Jung, para que fiquemos atentos e tenhamos a compreensão, pela Psicologia Analítica, do comprometimento pelo qual o Patinho foi exposto na sua relação com sua mãe e seu pai ausente. Veja que partimos do conto e a ampliamos. Quantos adultos foram crianças que vivenciaram essa problemática de rejeição, de falta de cuidado. Sendo assim, podemos nos questionar: Como está sua relação com sua Anima/Animus e /ou Persona? Aproveito para, mais uma vez, destacar a importância da compreensão dos contos. Observe a riqueza simbólica que uma história, a priori infantil e simples, tem.
Na terceira etapa do conto observamos a representação do enfrentamento
pelo Patinho Feio. Observe que até agora no conto o Patinho é levado a arriscar
a vida por um fio. Ele já se sentiu só, frio, congelado, acuado, perseguido. Já
atiraram nele, já desistiram dele. Ele já se sentiu desnutrido, longe, fora de
todos os limites, no limiar entre a vida e a morte, e sem saber o que iria
acontecer depois.
Nessa hora vem a parte mais importante da história: chega a
primavera, começa a vida nova, uma reviravolta, uma nova oportunidade de
tentar. Depois do inverno, sempre vem a Primavera. Então, certa manhã, ele
acordou e viu o sol brilhando, e os pássaros cantando. A primavera tinha
chegado. De repente, três grandes pássaros pousaram no lago. Eles eram como os
belos pássaros que o Patinho Feio tinha visto no outono. (Inside, 2006, p. 7)
Na teoria Junguiana, o número três tem fundamental
importância para a interpretação dos contos de fada. Em relação ao simbolismo
do número três, Von Franz (2012), destaca:
O
número três é considerado masculino (todos os números ímpares o são). Na
realidade, ele é o primeiro número masculino, pois o número um não é
considerado como número, pois o um é a coisa única e consequentemente, não é
unidade contável. Logo, o três é o primeiro número ímpar – masculino – e
representa o dinamismo do número um [...]. O três, em geral, relaciona-se com o
curso do movimento, e, portanto, com o tempo, pois não há tempo sem movimento
(p. 104).
Conforme Von Franz (2012), para que haja movimento, é necessário que existam dois polos para que a energia circule de um para o outro. Sendo assim, surge o número três, ou seja, o terceiro pólo, com a função de unir e regularizar a tensão dos dois pólos opostos. O elemento três relaciona-se com o tempo e o movimento, razões pelas quais os contos de fadas dividem-se em três etapas, sendo a quarta etapa o desfecho da estória, um final feliz ou um final trágico. Neste sentido percebe-se o número três como representação simbólica da posição de enfrentamento de um indivíduo.
Quando os três cisnes se aproximaram dele, o Patinho Feio
abaixou a cabeça envergonhado. Tinha certeza de que eles o perseguiram por
causa de sua feiura. Mas quando viu seu reflexo na água clara do lago, teve uma
grande surpresa. Não era mais um Patinho Feio, era um lindo cisne. Sempre fora
um cisne. (Inside, 2006, p. 7)
Não podemos esquecer da importância do símbolo do pato e do
cisne neste processo. Pela psicologia analítica compreende-se que a escolha
desses animais não foi por acaso. O pato é um animal fronteiriço, ele vive
tanto na água quanto na terra. Ele é, por isso, um mediador entre os dois mundos:
consciente e inconsciente.
Já o cisne é um animal que simboliza a fidelidade, a origem
da vida e dos seres humanos, alternando entre o elemento feminino fecundado ou
o elemento masculino fecundador. Portanto, podemos observar que no conto o
processo de individuação é o encontro com a totalidade, representada pelo
cisne. Já que ele sintetiza as duas luzes, solar e lunar, se mostrando um ser
andrógino. Essa é a meta do processo de individuação: o equilíbrio dessas duas
luzes, dessas duas forças: masculina e feminina.
No momento final do conto, o Patinho Feio se uniu ao grupo de
cisnes e finalmente pôde ser feliz. Esse momento pode caracterizar a passagem
da condição de doença para a condição de saúde, como também à volta para casa.
Na teoria Junguiana, a cura se dá a partir da estruturação do Self;
simbolizando o encontro com o verdadeiro “eu”. “Todas as espécies de contos, de
uma forma ou de outra, circundam o mesmo conteúdo – o SELF” (Franz, 2012, p.
227)
Este movimento de realização do Self é chamado por Jung de processo de
individuação, sendo um caminho contínuo. Para o autor, na obra o eu e o inconsciente:
é impossível chegar a uma consciência aproximada do si-mesmo, porque por mais que ampliemos nosso campo de consciência, sempre haverá uma quantidade indeterminada e indeterminável de material inconsciente, que pertence à totalidade do si-mesmo. Este é o motivo pelo qual o si-mesmo sempre constituirá uma grandeza que nos ultrapassa. (2008, p.53)
E ainda:
Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos
através do autoconhecimento, atuando consequentemente, tanto mais se reduzirá a
camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta
forma, vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, susceptível e
pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de
interesses objetivos (2008, p.53).
Assim, vemos que por ser um processo, a individuação é constante, não é um lugar em que o indivíduo chega, mas um processo que passa a viver, de forma contínua, justamente porque o inconsciente é imensurável. Além disso, individuação está diretamente relacionada à diferenciação do coletivo, integrando o inconsciente pessoal, reconhecendo o inconsciente coletivo e, posteriormente, se diferenciando deste.
Vimos como o nosso herói, o Patinho Feio, depois de um árduo
esforço, orienta-se e ganha firmeza e autoconhecimento, valores que ele
desenvolve através de seu esforço de se tornar consciente no processo de
individuação, contando sempre com seu instinto.
Observe, que, em todo conto, o Patinho está em busca da sua
individualidade. É uma tendência ou sentido de desenvolvimento, que se separa
de uma dada coletividade. E esse desenvolvimento da personalidade é
simultaneamente um desenvolvimento da sociedade. A repressão da individualidade
pela predominância de ideias de organizações coletivas significa a decadência
moral da sociedade.
O conto mostra, em um nível simbólico, não só o
desenvolvimento da individualidade do Patinho, mas também de uma família e uma
sociedade. Ao final do conto, o Patinho se descobre um belo cisne e encontra o
seu grupo e uma mãe e irmãos que o aceitam.
É importante notar que o Patinho não só descobriu seus dons,
como também passou a ser aceito. Ele encontrou seus semelhantes. Na verdade,
ele transformou o seu entorno e a sua família. Por isso, a descoberta de sua
individualidade, também mobiliza os outros nessa descoberta.
CONCLUSÃO
A história do Patinho Feio emociona a todos, pois mostra a
busca de identidade e de pertencimento, algo que em determinado momento todos
já sentimos, em maior ou menor grau.
Interessante observar que o conto não é caracterizado por
grandes façanhas ou pelo discurso do personagem. Nesta história não existem
“vilões” e “vingança”. O ato heroico do personagem surge como modelo de força e
determinação para alguém que se encontra doente. É a possibilidade de mudança
de doença para a cura, ou seja, é a possibilidade de viver o tão sonhado “final
feliz”.
O Patinho Feio é uma das poucas histórias a incentivar
sucessivas gerações de “gente diferente” a aguentar até encontrar a sua turma.
Somente a partir da tomada de consciência, pela identificação do indivíduo com
o personagem do Patinho, que ele consegue fortalecer o ego e resgatar o “herói”
perdido nas camadas do inconsciente.
Temos que nos dar a chance, assim como O Patinho Feio fez, de
forjar uma couraça protetora chamada resiliência. Esta couraça salvadora e
transformadora seria capaz de proteger o “eu”, inseguro e abandonado,
transformando-o em um “eu-belo”, corajoso e que se sente amado.
A tradução dos sentimentos profundos no indivíduo através do
conto permite que eles possam ser utilizados como recurso terapêutico por seu
potencial de mediar os conflitos psíquicos.
É claro que essa pequena análise não alcança a profundidade
do conto. Cada vez que se lê a história mais detalhes aparecem. A abordagem
Junguiana representa a oportunidade de uma nova maneira de analisar e utilizar os
contos. A proposta não é a de chegar a uma conclusão definitiva ou a um
fechamento, mas de abrir uma porta, pelo caminho que Jung nos mostra, para o
tesouro de conhecimento do ser humano que os contos podem oferecer.
A história de “O Patinho Feio” é uma prova de que, ao
entender e resignificar os acontecimentos de nossas vidas, podemos transformar
a lama em que afundamos, em poesia. Do campo poético para a vida, as pessoas
resilientes mostram que é possível enfrentar o abandono e a carência afetiva
até encontrarem sentido nas páginas de suas histórias pessoais. Ao serem
nutridos com amor, histórias e ressignificações, Patinhos Feios tem a chance real
de um dia se descobrirem Cisnes.
Assim deixo a mensagem para todos que se
sentirem Patinhos Feios no mundo, de que se certifiquem, a partir de agora,
de perder menos tempo com aquilo que os outros não lhe deram e de dedicar mais
tempo à procura das pessoas com que você se sinta bem. Devemos nos
levantar e sair à procura do lugar a que pertencemos. Nada se
pode fazer sem um esforço, e para progredirmos precisaremos passar pela “noite
escura da alma” e encarar nossos medos. Só assim é possível encontrar nosso
valor interno e renascer. Desejo um final feliz para todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALT,
C. B. Contos de fadas e mitos: um trabalho com grupos numa abordagem junguiana.
São Paulo: Vetor, 2000.
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Tradução de D'AGUIAR, Rosa Freire. São Paulo: Cia das Letrinhas.
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L; CORSO, M. Fadas no Divã - A
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Rosa; RAMALHO, Cybele. Descobrindo Enigmas de heróis e Contos de Fadas: Entre a
Psicologia Analítica e o Psicodrama. Aracaju: edições Profint, 2008.
ESTES,
Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do
arquétipo da mulher selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
INSIDE,
S. O Patinho Feio. São Paulo: Ciranda Cultural, 2006.
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_________. O Eu e o Inconsciente. Petrópolis, Vozes, 2008.
_________. Arquétipos do Inconsciente Coletivo. Petrópolis, Vozes, 2008.
VON FRANZ, M. L. A interpretação dos contos de fada. São Paulo: Paulus, 2012.
Escrito por Ivna Vieira, estudante do Curso de Formação de Psicologia Analítica, realizado pela PROFINT - Profissionais Integrados Ltda.
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VON FRANZ, M. L. A interpretação dos contos de fada. São Paulo: Paulus, 2012.
Escrito por Ivna Vieira, estudante do Curso de Formação de Psicologia Analítica, realizado pela PROFINT - Profissionais Integrados Ltda.
Excelente abordagem, agradeço por compartilhar e dessa forma alargar meu horizonte!
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